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Assembleia de Deus em Restauração

O Que Significa a Terra Era Sem Forma e Vazia Na Bíblia?

O Que Existia Antes da Criação do Mundo

Antes de nos aprofundarmos na narrativa da criação, é importante reconhecer que alguns elementos já existiam antes que o universo como conhecemos fosse formado.

Segundo o Talmud, um dos textos centrais do judaísmo rabínico, sete coisas já existiam antes da criação do mundo:

  1. O Messias (Jesus): O Talmud sugere que a ideia do Messias, o redentor esperado, existia no plano divino desde antes da criação. No contexto cristão, isso é visto como a pré-existência de Jesus Cristo.
  2. A Palavra de Deus: A Palavra (ou Logos, no grego), através da qual todas as coisas foram criadas, existia eternamente com Deus. Esta Palavra é considerada a expressão ativa da vontade e do poder de Deus, fundamentando a ordem e a estrutura do universo.
  3. A Misericórdia de Deus: A misericórdia divina estava presente desde o princípio, manifestando a natureza compassiva e graciosa de Deus, essencial para a redenção e o perdão da humanidade.
  4. O Trono de Deus: O trono simboliza a soberania e a autoridade de Deus. A existência do trono antes da criação do mundo representa a eternidade e o domínio absoluto de Deus sobre todo o cosmos.
  5. A Torá: Antes de haver qualquer criação, a Torá (a Lei ou Instrução) já existia como a expressão da sabedoria e dos mandamentos de Deus. Ela é vista como um plano divino, orientando a criação e a vida humana.
  6. O Propiciatório (o perdão para o homem caído): Desde antes da criação, já havia uma provisão para a redenção do homem. O propiciatório, que simboliza o lugar onde Deus concede perdão, aponta para o plano eterno de salvação através do sacrifício expiatório.
  7. A Árvore da Vida: A Árvore da Vida, mencionada no Éden, também preexistia como um símbolo de vida eterna e abundância, refletindo o desejo de Deus de oferecer vida plena e sem fim à humanidade.

A Perspectiva da Eternidade

Há uma visão comum de que Deus estava “sozinho” antes da criação do mundo, existindo em um vazio absoluto. No entanto, essa ideia é equivocada. Estes sete elementos evidenciam que havia um propósito e uma estrutura já definidos antes da criação do universo.

Os Dois Tipos de Criação em Hebraico: Beriá e Assiá

No hebraico, há duas palavras distintas que descrevem o ato de criar, cada uma com um significado profundo e específico:

  1. Beriá (בְּרִיאָה): Esta palavra refere-se à criação “ex nihilo”, ou seja, a criação a partir do nada. O verbo “Bará” (בָּרָא) é usado exclusivamente para este tipo de criação e é um ato que apenas Deus pode realizar. É o verbo que indica a capacidade divina de trazer algo à existência sem utilizar qualquer material preexistente.
  2. Assiá (עֲשִׂיָּה): Ao contrário de Beriá, Assiá refere-se à criação através de formação ou fabricação, onde algo é feito a partir de materiais já existentes. Este tipo de criação é a que os seres humanos podem realizar, transformando e moldando o que já existe, mas nunca gerando algo do absoluto nada.

A Exclusividade da Criação Divina

A palavra “Bará” é reservada para Deus porque só Ele possui o poder de criar de maneira absoluta. A criação do mundo é descrita com este verbo, indicando que Deus trouxe o universo à existência a partir do nada. Esta capacidade de criar ex nihilo sublinha a onipotência divina e a singularidade de Deus como Criador.

A Criação no Evangelho de João

O conceito de criação ex nihilo é também refletido no Novo Testamento.

Em João é dito: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

João 1:3

Isso reafirma que tudo o que existe foi criado através do poder divino, sem depender de qualquer matéria pré-existente. Esta passagem destaca a preeminência de Cristo na criação, alinhando-se com o entendimento hebraico de “Bará”.

Conclusão

Distinguir entre Beriá e Assiá nos ajuda a apreciar a profundidade e a exclusividade da criação divina.

Enquanto a Assiá descreve o ato humano de formar e transformar, a Beriá é um ato divino que traz tudo à existência a partir do nada. Esta distinção sublinha a majestade de Deus como o Criador supremo e absoluto, cujo poder transcende qualquer capacidade humana.

Assim, o uso de “Bará” na narrativa da criação enfatiza a origem divina e o milagre fundamental da existência de tudo o que vemos e conhecemos.

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